Operadoras de TV paga querem tirar direito do assinante

As ruas, os tribunais e as redes sociais dão mostras eloquentes do surgimento de um novo brasileiro. Combativo. Indignado. Revigorado.

Esse brasileiro, que brota a cada esquina, cansou de servir de massa de manobra. De acompanhar com alegria bovina o coro dos poderosos.

Adeus malemolência.

Pois bem, alguns não perceberam, no entanto, a nova realidade, e continuam a nos tratar como um bando de...otários. Sim, a palavra é forte, mas é como eles nos veem.

Vejamos o que está acontecendo com a mudança do sinal analógico para digital, prevista para acontecer no dia 29 de março, em São Paulo.

As operadoras NET, Claro, Oi, Vivo, Sky e Embratel  vão retirar o sinal da Record TV, SBT e Rede TV da programação da TV paga, caso as emissoras não aceitem disponibilizar seus conteúdos gratuitamente. As emissoras reagiram a este descalabro (assista ao vídeo abaixo), mas, no final do embate, o maior prejudicado pode ser o telespectador.

O interessante é que NET, Claro, Oi, Vivo, Sky e Embratel pagam a outros grupos - nacionais e estrangeiros - valores enormes pela utilização dos seus conteúdos. Embora os números sejam sigilosos, o mercado fala em mais de três bilhões de reais ao ano. Para Record TV, SBT e Rede TV, eles querem de graça, esquecendo o enorme investimento que estas emissoras fizeram para se adequarem à era digital e criar programas de qualidade.

A distorção fica mais evidente quando as operadoras vendem pacotes prometendo “todos os canais”. Obviamente, não vão entregar o prometido, e, mais obviamente ainda, não devolverão o dinheiro recebido de maneira fraudulenta. Deixarão de fora três emissoras que representam uma parte substantiva da audiência, tanto na TV aberta quanto na paga, privando, assim, uma enorme parcela da população brasileira do seu divertimento preferido. Mas, isso parece não sensibilizar os executivos das operadoras.

Só a pressão do assinante em busca do seu direito terá algum efeito para essa gente, acostumada a passar por cima dos direitos do brasileiro. Sempre foi assim. No Brasil de hoje, porém, eles ainda podem muito, mas não podem tudo.

Como diz um antigo e sempre presente canto ouvido nas ruas: “O povo não é bobo, abaixo....”