Após trágico acidente na BR381, voluntários da região mostram sua força

Hoje o telefone tocou na central, do outro lado da linha alguém desesperado, pedindo socorro após mais um acidente na BR381, o choro e os gritos ao fundo da ligação mostravam todo o desespero dos que estavam no local. Os socorristas foram empenhados na ocorrência, como de costume, vestiram seus uniformes e saíram para salvar vidas, a sirene podia ser escutada de longe, era uma corrida contra o tempo para salvar mais uma vida.

De repente a sirene se calou, um silêncio assustador tomou conta da rodovia da morte, a apreensão pelo o que estava acontecendo era desesperador e logo veio a confirmação. Em uma curva da BR381 uma carreta interrompeu o deslocamento de dois grandes guerreiros, em uma curva, sonhos foram interrompidos, a volta para casa hoje não será possível, o abraço não aquecerá os corações e as palavras doces, hoje não serão ouvidas, um silêncio ensurdecedor tomou conta da rodovia, das ruas, avenidas, da equipe e de todos que acompanham de perto a luta do dia a dia desses heróis anônimos que buscavam salvar vidas. Hoje a sirene está em silêncio, um silêncio que dói, que incomoda, que assusta, um silêncio que machuca os corações, o silêncio da falta e da partida sem volta.

Essa poderia ser a minha história ou de qualquer um dos meus companheiros, sabemos dos riscos e perigos que corremos para salvar vidas, mas o amor pelo próximo fala mais alto e nos impulsiona a cada dia.

Nós voluntários, trabalhamos com muita dificuldade, nos falta apoio, patrocínio, mas nos sobra garra, determinação e vontade de salvar vidas. O grande desafio de um serviço voluntário e saber se amanhã teremos condições de continuar nosso trabalho, nos faltam coisas básicas: Gasolina para abastecer nossas viaturas, pneus, materiais, equipamentos que muitas vezes são supridos por nós mesmos, além de realizar um trabalho 100% voluntário, inúmeras tiramos do próprio bolso para que o serviço não pare. Hoje o serviço de resgate voluntário em nossa região, conta com diversos grupos que somam forças com o SAMU, Bombeiros Militar, PRF, PRV, PM e prefeituras, dentre eles destacamos o Sevor, Anjos do Asfalto Mg, Gave, Grve, Bombeiros Civil de Barão de Cocais, Anjos do Asfalto Pará de Minas, G3 Resgate Pitangui dentre outros, que com muita dificuldade desenvolvem um trabalho brilhante que salva vidas, pudemos ver nesses últimos dias a união, a vontade, o respeito pela vida desses bravos homens e mulheres que se dedicam para ajudar o próximo.

 Até quando ficaremos reféns dessa rodovia da morte? Até quando estaremos esperando uma duplicação que nunca termina? Até quando teremos que dar a notícia da morte aos familiares? Até quando?

É duro saber que está sendo feito muito pouco ou quase nada para mudar essa realidade, as obras estão praticamente paradas, é duro para nós que convivemos dia após dia resgatando vítimas nessa rodovia que é a principal ligação Norte/Sul, ver o descaso com que a questão é tratada.

Hoje foi com nossos amigos socorristas do SEVOR, ontem foi com outros anônimos que perderam suas vidas, e amanhã? Quem serão quais vítimas?

Não buscamos aplausos, medalhas, moções de aplausos... queremos respeito, queremos melhorias em nossas rodovias, queremos condições de trabalho, queremos poder voltar para os nossos lares ao final de um plantão, abraçar e ser abraçados por nossos familiares.