A estudante Graziela Oliveira, de 22 anos, que relatou em uma rede social ter sofrido abuso sexual em um ônibus de Curitiba na terça-feira (5), registrou Boletim de Ocorrência (B.O) na Delegacia da Mulher na sexta-feira (8).
Por volta das 16h, a jovem foi até o local com a mãe e com a secretária da Mulher da Prefeitura de Curitiba, Roseli Isidoro.
"Foi tranquilo", disse Grazi ao G1 na sexta-feira, logo depois de sair da delegacia.
A Secretaria Municipal Extraordinária da Mulher informou ao G1 que está sendo oferecido atendimento psicossocial para Grazi. Ainda conforme a secretaria, o atendimento psicossocial é importante não só pelo abuso sexual que a estudante sofreu, mas também pela exposição que veio em seguida.
Nos próximos dias, a jovem deve retornar à delegacia para ajudar na confecção do retrato falado. Segundo a Polícia Civil, a situação foi classificada, a princípio, como importunação ofensiva ao pudor. Entretanto, caso o suspeito do crime seja achado, pode responder até mesmo por estupro.
O que aconteceu
Em entrevista ao G1, na quarta-feira (6), a jovem contou em detalhes o que aconteceu no ônibus.
"Por volta das 18h, eu estava voltando do hospital, onde fui atendida, para casa. O ônibus estava superlotado. Um cara se encostou em mim e ficou. Eu tentava me mexer, sair e ele continuava por perto. Ele respirava muito alto no meu ouvido e gemia", relatou.
Ainda conforme a jovem, outros passageiros tentaram ajudá-la a ir para o outro lado do ônibus, mas, mesmo assim, o suspeito insistia em ficar por perto. "Até que decidi descer antes de onde eu pretendia. Antes de sair, falei que ele era um velho nojento", lembrou.
A estudante conta ainda que, assim que deixou o ônibus, percebeu que a saia estava suja. "Comecei a chorar desesperadamente. Fui para casa, tirei uma foto para mostrar para minha mãe e joguei xampu, perfume e até desinfetante na roupa. Estava tão nervosa que só tenho uns 'flashes'", contou.
No mesmo dia da entrevista, a jovem relatou que precisou pegar ônibus para ir à faculdade e que sentiu muito medo. "O ônibus começou a lotar e eu já fiquei nervosa. É um trauma que vai ficar, sem dúvidas", garantiu.
A postagem
Grazi contou ainda que encontrou na internet um jeito de não ficar calada. A publicação foi ao ar no início da noite de terça-feira.
Além de ter relatado em detalhes o que ocorreu, a estudante postou uma foto da saia que, segundo ela, estava suja de esperma. Em poucas horas, a publicação teve milhares de curtidas e de compartilhamentos.
A publicação chegou a ser tirada do ar. Conforme a estudante, a postagem foi censurada pelo Facebook após denúncias. A publicação voltou a ficar pública na quinta-feira (7), mas sem a foto da saia.
O G1 tentou entrar em com contato com o Facebook, mas, até a publicação desta reportagem, não obteve um retorno sobre o assunto.
Desde terça, a jovem diz ter recebido muito apoio, mas também muitas acusações de estar mentindo. "Acho que deslegitimar uma guria é perpetuar essa cultura de silenciamento para que as outras sintam medo de serem expostas e perseguidas ou apenas taxadas de mentirosas", afirmou.
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