O delegado Roger Lima de Moura, da Polícia Federal, disse nesta quarta-feira (22), que a Samarco sabia dos riscos do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana
A barragem de Fundão se rompeu no dia 5 de novembro de 2015, destruindo o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana. Os rejeitos atingiram mais de 40 cidades na Região Leste de Minas Gerais e no Espírito Santo. A lama percorreu o Rio Doce até a foz e o desastre ambiental, que deixou 19 mortos, é considerado o maior do Brasil.
As trocas de mensagens internas entre técnicos e diretores, além de comunicados emitidos internamente provaram a afirmação, segundo o delegado. "Eles sabiam do risco de que Bento Rodrigues poderia ser atingido. Temos inclusive documentos internos e conversas falando se iria ou não levar os estudos para o licenciamento ambiental", disse Lima.
Na primeira semana de junho, a Polícia Federal em Minas Gerais concluiu o inquérito sobre o rompimento da barragemde Fundão em Mariana, na Região Central do estado, e a consequente contaminação do Rio Doce e da área costeira.
"Durante as investigações, apuramos causas, consequências e responsáveis do rompimento das barragens. A barragem era problemática desde a sua construção. Ela sempre foi uma barragem doente. Na fase de construção foi usado um material diferente do projeto. Nesse projeto inicial, dizia que seria usado brita e rocha. Mas na obra eles usaram restos de minério", comentou o delegado de Minas.
O delegado explicou ainda que sempre aconteceram problemas de drenagem. "Posteriormente, eles fizeram um remendo na barragem, sem projeto, nem recomendação dos órgãos ambientais. A barragem recebe material arenoso e lama. No projeto, esse material era despejado separado, mas depois eles juntaram. Na verdade, foram uma série de erros", acrescentou.
Oito pessoas e a Samarco, a Vale e a consultoria VogBR - consultoria responsável pela declaração de estabilidade da barragem -, foram indiciadas por crimes ambientais e danos contra o patrimônio histórico e cultural.
Um outro ponto citado na apresentação do inquérito foi o investimento da Samarco na área de geotécnica, responsável pelo controle da barragem. No período entre 2012 e 2015, a queda no orçamento foi de 29% e a previsão era de uma redução de 38% em 2016. Em contrapartida, a produção tinha aumentado em 30% e a previsão era aumentar em até 35%.
Ele também afirmou que o lançamento de lama por parte da Vale contribuiu para o desastre ambiental. Segundo Lima, em um primeiro momento, a empresa negou o despejo de rejeito, mas acabou assumindo, apesar de informar um valor menor do que o apurado.
“Ela assumiu isso, como se lançasse 5%, porém o que foi constatado é que não foi 5%. Chegava, do total de lama de lama que era lançado no Complexo de Germano, o que pertencia à Vale era 27%. E esse 27% contribuiu para que o rejeito de lama se aproximasse do rejeito arenoso, que é uma das causas de ocorrer a liquefação, depois que fez com que a barragem rompesse", avaliou Lima.
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