Alexandre Pato e Corinthians se tornaram reféns mútuos. Nesta terceira reapresentação do jogador, o constrangimento atingiu seu ápice. Embora os dois lados não se suportem, há R$ 4,8 milhões em cima da mesa. São os salários dos seis meses que restam para acabar o contrato de quatro anos, que ambos assinaram no início de 2013 e se arrependem até a medula.
A história é a mais contada e repetida no futebol brasileiro. O sonho do jogador que estava desgastado no Milan. Dar uma 'passada' pelo time campeão mundial, da Libertadores. Aproveitar a popularidade, a força da Nike, a ligação com a Globo e voltar à Seleção. Disputar a Copa do Mundo de 2014 como titular absoluto. E voltar à Europa, valorizado, dando lucro ao Corinthians e ficando ainda mais milionário.
Foi o mais retumbante fracasso. O Corinthians investiu R$ 43 milhões para ter 60% dos direitos do jogador. E gastou nestes três anos e meio R$ 17 milhões em salários. Isso depois de repartir essa obrigação o emprestando ao rival São Paulo. E rachando os pesados R$ 800 mil mensais.
Alexandre Pato foi rejeitado por Tite, que não o pediu. Pelo elenco campeão mundial. Os jogadores não se conformavam com tanta badalação para quem não fez nada. E também por chegar ganhando mais do que todos. A diretoria pagou caro por forçar a presença de um jogador 'midiático'. O 'sucessor de Ronaldo', gritavam dirigentes ligados a Andrés Sanchez, um dos pais da ideia.
Depois do fracasso que foi a temporada de 2013, Pato foi para o São Paulo. Jurou que não atuaria mais no Corinthians, onde as organizadas chegaram a ameaçar quebrar suas pernas, quando invadiram o Centro de Treinamento. Mas depois de fazer sucesso no Morumbi, o clube não teve dinheiro para comprá-lo. Nem ele queria. Desejava voltar para a Europa.
Sonhava em ser disputado por grandes clubes. Só conseguiu ir parar no Chelsea por um favor do dono do clube, o russo Roman Abramovich, fez ao iraniano Kia Joorabchian. E em Londres, só conseguiu atuar em duas partidas. Marcou um gol. Não teve mais chances porque o holandês Guus Hiddink se sentiu como Tite. Nunca pediu ou sonhou com Pato.
Com o fracasso na Europa, Pato teria de voltar ao Corinthians. A diretoria se viu obrigada a pagar mais seis meses de salários. O jogador e seu empresário Gilmar Veloz não querem abrir mão do dinheiro que ele tem a receber.
Enquanto a janela está aberta para a Europa, Kia, Giuliano Bertolucci e o próprio Veloz tentam encontrar um clube. Alguma equipe que ainda acredite no jogador. Mas por enquanto apenas boatos.
Não houve confirmação oficial por parte da Lazio do que publicou o jornal Il Messagero. O suposto interesse de Marcelo Bielsa pelo atacante. Aliás, nenhuma outra publicação italiana repercutiu a 'notícia'.
O sonho corintiano seria negociar Pato. Um quantia 'baixa', 5 milhões de euros, R$ 18 milhões. E ainda se livrar de pagar seis meses de salários. Ou então esperar uma proposta vantajosa da China.
Mas Pato e Veloz estão longe de serem burros. Eles sabem que, em janeiro de 2017, o atacante estará livre de qualquer elo com o Corinthians. E poderá atuar em um grande clube europeu. Em troca apenas de salários e luvas. Sem a necessidade de comprar seus direitos do clube do Parque São Jorge.
A 'sorte' de Pato é que Tite não é mais o treinador. Até hoje ele se indigna quando lembra o descaso do atacante na Copa do Brasil de 2013. Na decisão da vaga com o Grêmio, Pato resolveu dar uma cavadinha que Dida defendeu sem o mínimo esforço. Era a última possibilidade de título e de sobrevivência do treinador naquele ano. Por isso, além de desmoralizá-lo perante aquele grupo, o técnico não queria ver nem sua sombra.
No começo do ano, muito fiel a Roberto de Andrade, Tite fez o jogo. Elogiou o atacante, disse que o queria na equipe. Triste maneira de tentar valorizá-lo. Todos no Parque São Jorge sabia que os dois não se suportam.
Com Cristóvão, a situação é outra. O treinador não tem nada contra o atacante. Muito pelo contrário. Ele é dos técnicos do Brasil, um dos mais dóceis. Já pediu a Roberto de Andrade. Acredita de verdade que pode 'recuperar' Pato. E torná-lo importante na briga pelo título do Campeonato Brasileiro.
"Todo mundo desejaria ter o Pato. Ele estando bem, vou arrumar um lugar no time para que possa jogar. Vou arrumar um jeito dele participar. Estamos sem o Elias, um jogador importante para o time, e o Pato é um atleta que dá peso, deixa o time mais forte", diz o novo treinador corintiano.
Roberto de Andrade sabe que a cúpula do Internacional estaria disposta a contar com o jogador. Aceitaria pagar os R$ 800 mil mensais ao atacante. Mas a relação com o clube gaúcho não é boa desde o Brasileiro de 2005. E piorou com o rebaixamento corintiano, dois anos mais tarde.
A sua reapresentação, hoje, no Parque São Jorge foi muito diferente da do início do ano. Ele estava leve, brincalhão, conversou com os jogadores. Inclusive fez questão de falar e rir ao lado de um jogador que não aceitava seu retorno, Cássio. Não o perdoava pela cavadinha. Mas tudo indica que se acertaram.
A situação de Alexandre Pato segue indefinida.
Mas pelo menos a raiva que permeava a relação acabou.
Ela tinha muito a ver com Tite.
E com a ilusão do atleta que clubes europeus o disputariam.
Sua situação é de recomeço.
Ele precisa voltar a jogar.
Reconquistar um espaço que perdeu.
E o fez disputar apenas dois jogos em 2016.
Pato parece ter entendido que não é castigo jogar no Corinthians.
A diretoria também não o enxerga como alguém indigno.
As circunstâncias de uma negociação mal planejada se revelaram.
E os tornaram companheiros da agonia.
Reféns.
A solução destes últimos seis meses de contrato pode ser simples.
Menos traumática do que todos esperavam.
E Pato, atacante de 15 milhões de euros, surpreender.
Jogar com a camisa que nunca mais pensou vestir.
A de número 7 do Corinthians...
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